A Encefalopatia Crónica Não-Progressiva da Infância (ECNPI), mais conhecida por paralisia cerebral, é definida como uma perturbação funcional do Sistema Nervoso Central (SNC), consequência de lesão neurológica ocorrida na gestação, no parto ou nos primeiros anos de vida, que não têm carácter progressivo e que apresenta clinicamente distúrbios da motricidade, isto é, alterações do movimento, da postura, do equilíbrio e da coordenação com presença variável de movimentos involuntários.
Esta alteração neuromotora, geralmente, não se deve a qualquer deficiência dos pais ou doença hereditária. Segundo Salter (1985), há muitas causas para a ECNPI e as causas mais comuns são:
- Desenvolvimento congénito anormal do cérebro, particularmente do cerebelo;
- Anóxia (ausência de oxigénio) cerebral;
- Lesão traumática do cérebro, no nascimento, geralmente decorrente de trabalho de parto prolongado;
- Eritroblastose por incompatibilidade Rh;
- Infeções cerebrais (encefalite) na fase inicial do período pós-parto.
No entanto, como esta deficiência é raramente diagnosticada até pelo menos vários meses após o nascimento, a causa precisa da lesão cerebral numa criança é frequentemente especulativa. A prevalência da ECNPI nos últimos 40 anos é de 2 casos a cada 1000 bebés.
A Encefalopatia Crónica Não-Progressiva da Infância é classificada mediante o tipo de disfunção motora presente ou de acordo com a distribuição da afetação no corpo. Assim a ECNPI é “dividida” em vários tipos clínicos, sendo os mais comuns:
- Espástica: Caracterizado por paralisia e aumento de tonicidade dos músculos resultante de lesões no córtex ou nas vias daí provenientes. Pode haver um lado do corpo afetado (hemiparésia), os 4 membros (tetraparésia) ou mais os membros inferiores (diplegia);
- Atetose/Distonia: Caracterizada por movimentos involuntários e variações na tonicidade muscular resultantes de lesões dos núcleos situados no interior dos hemisférios cerebrais (Sistema Extra-Piramidal);
- Ataxia – Caracterizada por diminuição da tonicidade muscular, descoordenação dos movimentos e equilíbrio deficiente devido a lesões no cerebelo ou das vias cerebelosas.
A pessoa com Encefalopatia Crónica Não-Progressiva da Infância tem uma inteligência normal ou, em alguns casos, acima da média.
Como se trata de uma lesão cerebral, com a ECNPI, dependente das zonas atingidas, pode vir associada uma deficiência mental ou pode também vir a ser anexado um atraso intelectual devido à falta de experiências resultante da superprotecção dos pais/família.
As expressões faciais/descontrolo dos movimentos e/ou uma eventual deficiência na fala podem fazer aparentar um atraso mental que na realidade não existe.
Fontes de informação: Artigo de Revisão “Paralisia cerebral - Aspectos Fisioterapêuticos e Clínicos” (Jaqueline Maria Resende Silveira Leite e Gilmar Fernandes do Prado) e Associação do Porto de Paralisia Cerebral
“A importância de um bom diagnóstico, tratamento e, muito importante, do meio envolvente na criança com Encefalopatia Crónica Não-Progressiva da Infância:
- Como nos podemos levantar se nunca nos deixarem andar e cair?
- Como poderemos conseguir pegar numa colher se nos meterem a comida à boca?
- Como poderemos vir a fazer parte da sociedade, se andarmos sempre distante desta?
Pronto, esta é a importância do meio envolvente. Não existem milagres… se a nossa “alimentação” for à base de limitação, de protecção, não tenhamos dúvidas, acordaremos todos os dias mais limitados.
É verdade que na Encefalopatia Crónica Não-Progressiva da Infância não existem dois casos semelhantes, mas NÃO PODE haver duvidas na importância de uma Vida cheia de experiências, cheia de obstáculos…
Em cada obstáculo, consegui sempre “mil e uma” superações!”
José Emanuel de Silva Santos